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Abraão Batista é farmacêutico de formação, professor universitário, poeta popular e xilogravurista. Nascido em 4 de abril de 1935 em Juazeiro do Norte, o poeta é autor de mais de 200 títulos de cordel, dentre os quais destacam-se: Luta de um homem com um lobisomem, A chegada de lampião no congresso nacional, Centenário de Juazeiro do Norte, O homem que deixou a mulher pra casar com a jumenta e A história de Leandro Gomes de Barros. Uma das características mais marcante de suas obras é a autonomia, já que Abraão é responsável tanto pelo poema quanto pelas xilogravuras. Outro ponto importante diz respeito ao fantástico em sua literatura de cordel.

A trajetória de Abraão Batista no cordel iniciou cedo, uma vez que sua mãe era leitora de clássicos como Pavão misterioso e costumava fazer releituras das histórias para entreter o filho. Toda essa vivência ficou latente em Abraão durante os anos em que estudou no Liceu de Fortaleza e na Universidade, até que em 1968 escreveu seu primeiro folheto motivado pela indignação com a notícia da cassação de 44 santos católicos pelo papa. Assim, nasceu o cordel intitulado Entrevista de um jornalista de Juazeiro do Norte com os 44 santos cassados e o cordelista e xilogravurista Abraão Batista.

Para o poeta, o cordel é o “jornalismo em versos” e, se comparado com a imprensa tradicional, possui algumas vantagens por não ter “medo do ridículo”. Por essa característica, Abraão Batista acredita que “o cordel tem que ter cara de povo, cheio de povo e fala de povo, se não ele é enjeitado”. Assumindo essa função e incorporando essas características do povo em seus versos, o cordelista e xilogravurista escreve sobre temas fantásticos, satiriza sobre temas políticos e introduz temas que ainda são muito abordados nos cordéis. Sobre esse pioneirismo, é importante destacar que Abraão foi o primeiro poeta popular a escrever sobre seu Lunga, fato que gerou bastante repercussão na imprensa formal e acarretou, a princípio, uma antipatia de seu Lunga com os seus escritos.

Como xilogravurista, Abraão se destaca pela sua ampla produção, que inclui ilustrações para os seus próprios folhetos, bem como ilustrações independentes. Uma das que mais se destaca é a intitulada ``A anatomia do frevo”. Em entrevista concedida a Roberto Homem no ano de 2004, Abraão afirma que “a xilogravura está para o cordel como a fotografia está para a revista e a manchete está para o jornal. Uma é a imagem da outra.”. Por essa sua vertente de trabalho, Abraão já é reconhecido internacionalmente, tendo participado no ano de 2001 de uma exposição de arte na Universidade de Colônia, na Alemanha. Uma de suas obras também é objeto de estudo na Universidade da Flórida, nos Estados Unidos, tendo, inclusive, sido traduzida para o inglês.

Para além da sua atuação como poeta e xilogravurista, Abraão Batista é um grande incentivador no meio cultural, atuando como membro fundador da Academia Brasileira de Cordel, sediada no Rio de Janeiro. Sua atuação profissional, assim, assume o compromisso de divulgar a literatura de cordel e a xilogravura nos mais diversos espaços culturais e sociais.

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