mansueto-barbsa-tit
alberto-nepomuceno

Alberto Nepomuceno de Oliveira foi um músico erudito, compositor, pianista e regente cearense nascido em Fortaleza, capital do Ceará, no dia 6 de julho de 1864, que obteve bastante renome no meio musical nacional e internacional. Foi um defensor da nacionalização da música erudita, incorporando a literatura brasileira e a luta abolicionista nas suas composições.

frase-alberto
nuvem-alberto

Considerado um dos maiores nomes da música erudita brasileira e o maior defensor da nacionalização da música clássica, Alberto Nepomuceno foi um compositor, pianista, organista e regente cearense, autor de mais de oitenta canções, cinco óperas, três suítes orquestrais, uma sinfonia, quatro quartetos, um trio e uma enorme produção para piano, sendo, então, um dos músicos que mais produziu durante sua carreira. Sua caminhada pela música foi marcada pela busca de uma música erudita brasileira, que incorporasse os aspectos culturais nacionais, principalmente a língua, empenho esse que era mal visto por críticos de música da época, que desacreditavam da língua portuguesa para a música clássica.

Alberto Nepomuceno de Oliveira era filho de Vitor Augusto Nepomuceno e Maria Virgínia de Oliveira Paiva. Nasceu em Fortaleza no dia 6 de julho de 1864. Seus estudos musicais foram incentivados por seu pai, que era violinista, professor e organista, e já percebia a aptidão que o menino tinha para a música. Em 1872, Alberto Nepomuceno e sua família se mudaram para Recife, e lá o pequeno músico começou a estudar violino e piano, sendo esse último o que viria a ser seu instrumento principal. Em 1880, Vitor Nepomuceno vem a falecer e Alberto, então com 16 anos, precisou dividir seu tempo entre o emprego como tipógrafo, as aulas particulares de música que ele ministrava e os seus próprios estudos de música com o maestro Euclides Fonseca.

Em sua juventude no Recife, Alberto Nepomuceno manteve relações de amizade com vários nomes da intelectualidade da época que frequentavam a Faculdade de Direito do Recife como Clóvis Beviláqua e Farias Brito. Dentre esses amigos estava Tobias Barreto, que foi o responsável por ensinar língua alemã e filosofia a Alberto Nepomuceno. Essa vivência com os intelectuais certamente contribuiu para as escolhas políticas de Nepomuceno que, ao voltar para o Ceará, apoiou a causa abolicionista e republicana ao lado de João Brígido e João Cordeiro. Contudo, Alberto Nepomuceno não deixou de atuar como músico, galgando espaço na música brasileira aos poucos. Chegou até a dirigir o Clube Carlos Gomes, no Recife, e foi violinista na estreia de uma ópera de seu colega Euclides Fonseca intitulada “Leonor”.

Mesmo conseguindo se inserir bem no cenário musical, Alberto Nepomuceno não conseguiu apoio real do Império para aprimorar seus estudos na Europa, em decorrência de suas opções políticas. Apesar disso, Nepomuceno seguiu criando suas obras, sempre tentando incorporar aspectos da cultura brasileira e de sua luta pelo abolicionismo, como é o caso da música “Dança de negros”, composta em 1887 e apresentada pelo compositor algum tempo depois no seu Ceará, peça que foi posteriormente renomeada de “Batuque”. Um dos pontos da cultura brasileira que Alberto Nepomuceno procurava incorporar em suas composições era a literatura, o que o aproximou de vários escritores e rendeu várias parcerias, como “Coração triste”, poesia de Machado de Assis musicalizada em 1899. A partir dessas composições e apresentações, Alberto Nepomuceno conseguiu arcar com sua viagem à Europa em 1888 e foi acompanhado de dois amigos, Henrique e Rodolfo Bernadelli, artistas plásticos com quem o músico estava morando desde 1885 no Rio de Janeiro.

Em terras europeias, Alberto Nepomuceno aperfeiçoou sua técnica pianística e seu conhecimento em língua alemã, estudando em universidades e escolas de músicas famosas em Berlim e Roma, como o Conservatório Stern e o Liceo Musicale Santa Cecilia. Nessa temporada na Europa, Nepomuceno conheceu a norueguesa Walborg Bang, uma pianista aluna de Edvard Grieg, um renomado compositor norueguês. Walborg se tornaria esposa de Nepomuceno em 1893.

De volta ao Brasil, Alberto Nepomuceno iniciou sua luta pela nacionalização da música clássica apresentando um concerto no Instituto Nacional de Música, em 1895 que incluía canções de sua autoria, todas em português. Apesar das críticas direcionadas a esse concerto, o músico continuou sua luta pela aceitação da brasilidade na música erudita, principalmente durante os anos em que foi diretor da Associação de Concertos Populares, posto que ocupou de 1896 a 1906. Duas ações de Nepomuceno foram importantíssimas para essa luta: o incentivo dado ao talentoso compositor Heitor Villa-Lobos ao executar suas obras em orquestras que regia e a distribuição das partituras do jovem compositor na contracapa de suas obras e manuscritos. Como reconhecimento dessa luta, no ano de 1910, Alberto Nepomuceno viajou para algumas cidades da Europa como Bruxelas, Genebra e Paris, financiado pelo governo brasileiro, com o objetivo de realizar apresentações musicais com obras de compositores brasileiros.

Alberto Nepomuceno marcou a história da música erudita brasileira pelo seu empenho de romper com o pensamento engessado e conservador de seus contemporâneos e por compor música erudita em língua portuguesa, além de incluir o violão como instrumento de concerto. Até hoje, suas obras são utilizadas por músicos novatos e veteranos, e sua memória está presente no imaginário popular. Dada a sua importância, o conservatório de música de Fortaleza, fundado em 1938, recebe o nome de Alberto Nepomuceno.

galeria-fotos
veja-tambem