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Francisca Clotilde Barbosa Lima foi uma professora, jornalista, dramaturga e escritora cearense, nascida em Tauá, no dia 19 de outubro de 1862. Foi uma das escritoras cearenses com mais publicações em diversos meios durante o século XIX. Era uma defensora do movimento abolicionista e dos direitos iguais entre homens e mulheres. Seu livro mais conhecido, A Divorciada, exprime bem essa sua luta.

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Uma luta constante pelo direito de atuar em sociedade em pé de igualdade com os homens, um senso de dever para com a educação e uma extensa produção literária: essas são algumas das marcas deixadas por Francisca Clotilde Barbosa Lima, uma das literárias mais importantes do Ceará e que mais produziu durante seu tempo, entre final do século XIX e início do XX.
Filha mais velha de João Correia Lima e Ana Maria Castello Branco, Francisca Clotilde nasceu em Tauá, no interior do Ceará, no dia 19 de outubro de 1862. Por conta de complicações com a seca de 1877, ela e sua família precisaram se mudar para Baturité e lá se firmaram. Em 1º de fevereiro de 1877, Francisca Clotilde iniciou seu caminho como escritora, quando publicou seu primeiro poema no jornal O Cearense, chamado “Horas de delírio”. Na época, tinha apenas 14 anos de idade. Em 1880, ao concluir seus estudos no Colégio Imaculada Conceição, tem um casamento arranjado por seu pai com Francisco de Assis Barbosa, fato esse que aconteceu em 1º de novembro daquele ano. Contudo, devido a sua infelicidade com o casamento e a morte de seu pai, Francisca Clotilde foge, deixando seu marido e família. A partir desse momento, a vida de Francisca Clotilde se tornará mais intensa.

Em 1882, Francisca Clotilde realizou o exame de capacitação para ser professora das primeiras letras da Escola Normal em Fortaleza. Dois anos depois, no dia 31 de maio de 1884, ela se torna a primeira professora concursada da Escola Normal Pedro II. Além disso, ela continuou escrevendo para muitos jornais e órgão de agremiações literárias da época. Por exemplo, foi a única mulher sócia efetiva do Clube Literário e juntamente com os colegas Oliveira Paiva, Rodolfo Teófilo, Juvenal Galeno e Antônio Sales, organizou o órgão “A Quinzena”, que circulou durante os anos de 1887 e 1888. Nele, Francisca Clotilde e seus colegas de agremiação produziram escritos sobre modernidade e progresso, com teores naturalistas e realistas. A escritora equilibrava-se entre escrever sobre o papel da mulher em sociedade, ora defendendo a sua liberdade e aceitação junto aos homens nas diferentes esferas do meio social, ora enfatizando o papel da mulher no âmbito privado, na família. Também escreveu junto à Sociedade Cearense Libertadora, no seu jornal “O Libertador”, onde foi uma defensora do movimento abolicionista, o que a ajudou ser bem engajada em assuntos políticos. No âmbito literário, seu primeiro livro foi lançado em 1898 e se tratava de uma coleção de contos.

Infelizmente, as concepções de moral da sociedade cearense da época, assim coma as brasileiras em geral, não eram compatíveis com os ideais de Francisca Clotilde. Ela acaba sendo demitida do Pedro II e foi também sendo afastada do meio intelectual. Estudiosos de sua vida apontam seu envolvimento com a política da época e sua relação amorosa com Antônio Duarte Bezerra como justificativas para esses acontecimentos. Esse amor entre a escritora e Antônio Duarte iniciou-se em 1888, e juntos tentaram viver sua relação, mas o fato de Francisca Clotilde viver com um homem sem ser casada espantava a moral oitocentista. Os dois juntos tiveram quatro filhos, trabalharam pelos seus ideais políticos e viveram seu amor durante certa de uma década, até que Antônio Duarte, seguido de dois de seus filhos, acaba por falecer.

Após isso, Francisca Clotilde retorna a Baturité no final do século XIX, fechando seu Externato Santa Clotilde em Fortaleza. Nesse retorno, ela alimenta relações com a intelectualidade brasileira, principalmente com escritoras mulheres. Fato esse visto na sua participação de escritos para o jornal pernambucano O Lyrio, de organização de Amélia Beviláqua, sendo esse um jornal composto exclusivamente por textos de escritoras brasileiras. Além disso, em 1906, criou a revista A Estrella, em parceria com sua filha Antonieta.

Em 1902, Francisca Clotilde publica seu primeiro romance, A Divorciada. Por conta do título e de sua narrativa, o romance foi o mais lembrado da autora, sendo um livro desabafo dela para com a sociedade. Francisca Clotilde é um símbolo de lutas por direitos, ao amor e à educação. Em 1908, depois de se fixar em Aracati, Francisca Clotilde criou um novo Externato Santa Clotilde, dessa vez teve mais reconhecimento e mais alunos matriculados. Sua importância para a literatura feita por mulheres é notável, uma vez que escreveu dezenas de poemas sobre o ser feminino e sobre como mulheres deveriam ter os mesmos espaços que os homens.

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