O quadrinho Castanha do Pará e o retrato da vulnerabilidade social no Brasil
Castanha do Pará foi a primeira novela gráfica vencedora do Prêmio Jabuti na categoria histórias em quadrinhos, em 2017. Publicada de forma independente em janeiro do mesmo ano, a obra do professor de artes, pintor e desenhista brasileiro Gildalti Jr. é ambientada no mercado público Ver-o-Peso, em Belém, nos anos 1990, e conta a história de Castanha, garoto morador de rua que se alimenta do arrecadado com esmolas e pequenos furtos. Os eventos são apresentados a partir de três narrativas: a de uma vizinha da família de Castanha que relata o sumiço do garoto à polícia; a que acompanha o deslocamento do menino pela cidade; e a da imaginação do garoto, que se vê num futuro como super-herói e jogador de futebol.
A obra foi inspirada no conto “Adolescente solar” de Luizan Pinheiro e traz uma identidade visual muito impactante ao ilustrar Castanha com cabeça de urubu e outras crianças com cabeça de animais, enquanto os adultos têm aparência normal. Essa apresentação visual dá margem a muitas reflexões sobre situação de abando e vulnerabilidade social.
Apesar do enredo simples, Castanha do Pará ganha destaque ao abordar temas relevantes da atualidade de forma muito realista e contextualizada, construindo um retrato fiel de Belém do Pará e incluindo nos diálogos expressões e gírias característica dos brasileiros.