Francisco Hélio Campos foi um sacerdote católico, pároco de algumas regiões em Fortaleza, em especial o Pirambu, e bispo em Viena, no Maranhão, de 1969 a 1975. Ele nasceu na região que hoje corresponde ao município de Itatira, no Ceará, no dia 24 de julho de 1912. Sua vida pelo sacerdócio foi marcada pelo grande apoio aos pobres e a entrega vital a vida religiosa e ações sociais.
Fé cristã, coragem e opção de trabalhar pelos pobres e menos favorecidos: essas são apenas algumas das características de Francisco Hélio Campos, um servente a Deus que, em sua trajetória religiosa, foi essencial para a mudança de vida de muitas pessoas, em especial os moradores do Grande Pirambu, bairro periférico de Fortaleza, no Ceará, durante os anos 1950 e 1960. Sob sua liderança religiosa e social, o povo do Pirambu se organizou e lutou por melhores condições de vida e pelo direito à moradia e a terra em que moravam.
Francisco Hélio Campos nasceu em Itatira, município que antes fazia parte de Quixeramobim, no dia 24 de julho de 1912. Era um dos sete filhos de Belarmina Gomes Campos e Francisco Cordeiro Campos. Desde pequeno, ele e alguns de seus irmãos resolveram seguir pela vida religiosa. Hélio Campos recebeu seu presbiterato em 5 de agosto de 1937, entregue pelo Seminário da Prainha, em Fortaleza. A partir de então, Dom Hélio seguiria sendo reconhecido como um grande pároco e líder religioso, ajudando a todos que fizessem parte de sua paróquia. Primeiramente, o sacerdote serviu nas paróquias do Mucuripe e nas cidades de Pedra Branca e Senador Pompeu. Mas foi sua atuação no Pirambu, estando a frente da Paróquia Nossa Senhora das Graças, que ganhou reconhecimento junto aos moradores e ao meio social da capital. Ele assume a paróquia no Pirambu em 1958 e inicia uma organização com os moradores visando melhorias em diversas áreas da comunidade, tendo em vista que o Pirambu da época ainda era muito mal visto pela sociedade fortalezense, sendo considerado um antro de violência, marginalidade e prostituição. Dom Hélio, juntamente com os membros da comunidade, lutou para quebrar com esses estereótipos e mostrar que no Pirambu moravam trabalhadores, homens, mulheres e crianças, que apenas queriam ter seus direitos respeitados e garantidos, principalmente o direito sobre a terra em que viviam.
No dia 1º de janeiro de 1962, após dois anos de preparação, Dom Hélio e mais de 20000 pessoas, moradores do Pirambu e de bairros vizinhos, marcharam por Fortaleza, rumo a Catedral e a sede do governo municipal. Essa ocasião ficou conhecida como “Marcha do Pirambu” e marcou a história recente da capital. Foi uma marcha pacifica, sem nenhum incidente de transtornos, saques nem depredações: apenas pessoas, algumas segurando cartazes com dizeres reivindicatórios, outras apenas entoando o “hino” composto para a ocasião, andando por ruas de Fortaleza, incentivados pela fé, pela coragem e liderança de Dom Hélio Campos.
Após esse fato, Dom Hélio seguiu com seu projeto de recuperação do Pirambu, elaborando meios de profissionalizar o povo e colaborar para a manutenção da educação e saúde da comunidade, sendo apoiado pela Arquidiocese de Fortaleza e por estudantes do curso de Serviço Social.
Em 1968, Dom Hélio Campos deixa a Nossa Senhora das Graças para assumir como bispo em Viena, no Maranhão, no ano seguinte. Na nova paróquia, o agora bispo buscou seguir suas ações cristãs e sociais em prol da população, o que foi bem recebido pela nova comunidade. Infelizmente, sua caminhada chegou ao fim no dia 23 de janeiro de 1975, perda essa que foi sentida por ambas as paróquias em que ele serviu.