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Antônia Alves Feitosa, mais conhecida como Jovita Feitosa, foi uma jovem cearense nascida em 8 de março de 1848, em Brejo Seco, no Ceará, que ficou nacionalmente conhecida como a mulher que se vestiu de homem para servir de soldado nos combates da guerra do Paraguai, ocorrido entre 1864 e 1870. Sua atitude de bravura, patriotismo e nacionalismo foi utilizado pela mídia e governantes para inflar esses mesmos sentimentos na população brasileira.

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Durante os anos de 1864 a 1870, o Brasil esteve diretamente envolvido numa guerra contra o Paraguai, fazendo parte de uma Tríplice Aliança com Argentina e Uruguai, e sendo impulsionados por interesses políticos, econômicos e territoriais em colisão, bem como pela formação dos estados nacionais na região antes conhecida como Vice-Reino da Prata. Este evento bélico teve uma grande influência da Inglaterra sobre o lado brasileiro, visando interferir no território paraguaio, até então um dos poucos da região que não tinham relações com os ingleses. Esta guerra se mostrou, para os governantes e elites, uma forma de inflar o espirito nacional e patriota no povo brasileiro da época e assim aumentar o contingente de soldados mandados para o campo de batalha, que até certo momento, não passava de 20000 homens. Nesse contexto, onde centenas de soldados perdiam sua vida no teatro da guerra ou mesmo antes dela, por doenças, uma jovem alimentou uma forte vontade de lutar pela sua nação, enfrentando empecilhos colocados à sua frente pelo simples fato de ser mulher. Essa jovem foi Antônia Alves Feitosa, ou como ficou conhecida, Jovita Feitosa.

Nascida no dia 8 de março de 1848, no povoado de Brejo Seco, atual Tauá, interior do Ceará, Jovita Feitosa ainda bem nova perdeu sua mãe para a cólera, que estava em epidemia na época. Com isso, a moça foi viver com seu tio Rogério, que vivia em Jaicós, no Piauí. Lá, Jovita aprendeu a ler e escrever, além de ter aulas de tiro e costura com seu tio, que não a privou de ter esses aprendizados, que iam contra o que se esperava de uma mulher na época. Ela e seu tio acompanhavam a situação do país a partir da leitura de jornais como o “Jornal do Commercio”, e com essas leituras, um sentimento de dever e de luta foi se aflorando em Jovita, que culminou na sua atitude de querer se unir as forças voluntárias que se juntariam na batalha contra o Paraguai. Para isso, Jovita cortou o cabelo bem curto, escondeu os seios os amarrando e vestiu roupas masculinas, procurando, assim, disfarçar-se como homem e então servir como soldado. Depois de se juntar com um grupo de voluntários, andou por quilômetros até o destacamento em Teresina. Conseguiu passar despercebida por todo o caminho, mas chegando ao destino, foi descoberta por outra mulher e denunciada. Ao ser interrogada pelo motivo de suas ações, Jovita demonstrou sua grande bravura e iniciativa de fazer parte das forças brasileiras na guerra.

Desse momento em diante, a partir do interrogatório, a atitude corajosa de Jovita Feitosa espalhou-se pelo país por meio da mídia. Os jornais utilizaram a imagem da moça para aumentar ou mesmo criar um nacionalismo e patriotismo nos brasileiros, favorecendo assim o recrutamento de mais voluntários. Jovita, assim, não foi só aceita no regimento dos voluntários, como passou a comandar um no posto de segundo-sargento. Recebeu honrarias e foi homenageada em alguns lugares que passou até chegar ao Rio de Janeiro, capital federal do Brasil de então. Essa propagando feita e propagada pelos pais, sendo encabeçada pela figura de Jovita Feitosa, favoreceu o alistamento de voluntários, muitos a mais que os poucos 20000 de antes.

Infelizmente, a vida de Jovita Feitosa após ela ser aceita no agrupamento militar é bastante incerta, assim como sua morte, prematuramente com seus 19 anos. Sabe-se, no entanto, que sua ida ao campo de batalha como combatente teria sido negada pelo ministro da guerra da época e mesmo assim muitos estudiosos defendem a hipótese de que ela teria ido como enfermeira ou outro cargo que mulheres exerciam em campo, mas que chegando lá, teria sim tomado as mãos em armas pela pátria brasileira. Se ela combateu ou não, é uma incógnita, o ponto mais importante a se destacar na história de vida dessa jovem moça é sua bravura, coragem e perseverança, tanto pela atitude de querer apoiar sua pátria, tanto como em ir contra as ações esperadas de mulheres naquele tempo. Hoje em dia, Jovita Feitosa é lembrada como um dos símbolos de força cearense, estando presente no cotidiano de vários fortalezenses que transitam pela avenida que leva o seu nome.

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