Patativa do Assaré, alcunha adotada por Antônio Gonçalves da Silva, foi um poeta, cantor, improvisador e músico cearense, nascido em 5 de março de 1909 em Assaré, no Ceará. Ficou bastante conhecido pela sua “poesia matuta”, que tomava como inspiração a vida sertaneja do autor e de muitos outros. Essa poesia era declamada com ritmos, entonação e linguagem características, que colaboraram para a composição de um imaginário popular nordestino. Suas poesias, antes sempre transmitidas de forma oral, com o tempo foram impressas em livros e até viraram músicas nas vozes de outros artistas nordestinos, como Luiz Gonzaga e Raimundo Fagner.
Nascido na Serra de Santana, próximo ao município de Assaré, interior do Ceará, no dia 5 de março de 1909, Antônio Gonçalves da Silva foi um poeta, cantor e improvisador de bastante renome para a cultura popular nordestina, sendo a vida no campo, as injustiças sociais e sua vida pessoal as principais inspirações para suas obras. Durante os primeiros anos de sua atuação, ele declamava suas visões de mundo, num ritmo e entonação únicos e característicos, sendo comparado ao canto único de um passarinho da região, Patativa, o qual ele adotou como nome, unindo com a nomenclatura de sua cidade natal: Patativa do Assaré.
Desde criança, Patativa ajudava em casa e na lavoura, ainda mais após a morte de seu pai. Além da perda familiar, ele, ainda criança, perdeu o olho direito em decorrência de complicações do sarampo. Essas dificuldades não barraram o jovem Patativa na sua estrada pela poesia, leitura e exposição do mundo segundo sua perspectiva. Mesmo tendo apenas 6 meses de estudo tradicional, o poeta seguiu lendo livros e mais livros, aprendendo sobre como poetar, as métricas, sobre estrofes, versos e rimas. Foi aprimorando seu intelecto e unindo com a sua vivência, criando seu estilo próprio, denominado por ele como “poesia matuta”. Até os anos 1950, suas rimas, improvisações e críticas em formas poéticas eram espalhadas de forma oral, em festas de família, feiras, praças ou mesmo em sua casa, onde amigos e admiradores da sua arte iam especialmente para ouvi-lo.
Com a mediação do rádio, as palavras carregadas de cultura popular do poeta de Assaré chegaram a lugares mais distantes, sendo ouvidas por personalidades como Luiz Gonzaga, outro representante do nordeste, que eternizou musicalmente a poesia “Triste Partida”. Logo, surgiriam oportunidades para Patativa de publicar suas poesias em meios impressos, e foi justamente por causa do rádio que o primeiro livro com suas obras surgiu. Após uma de suas idas a Rádio Araripe, na Feira do Crato, para declamar suas obras, Patativa foi convidado para conversar com José Arrais de Alencar, que o convenceu a publicar por impresso suas obras, sendo essas compiladas no livro “Inspiração Nordestina” lançado em 1956 por uma editora carioca. A partir daí, outros livros foram sendo publicados, com o aval de Patativa. Mesmo com livros publicados, Patativa do Assaré seguiu sendo um trovador do sertão, levando para diversos palcos diferentes a realidade do sertanejo, as condições em que a seca e o descaso público deixam o camponês e, o que o aproximou bastante da resistência ao regime militar brasileiro, a questão sobre a terra.